Era muito difícil decifrar ou mesmo nomear em que esquema jogava o Barça. Quando assumiu o cargo, Pep pegou um time que jogava no 4-3-3 clássico (instaurado pelo holandês Rijkaard), com 2 pontas e um centro avante, e incrementou algumas de suas ideias.
O primeiro e grande passo foi trazer o craque do time Messi da direita para o meio, onde ele era muito mais acionado. Já diziam alguns renomados treinadores que o craque tem que jogar livre para desenvolver sua criatividade, e parece que o então novato treinador catalão ouviu essa máxima.
Outras adaptações que ele fez foram utilizar um volante mais técnico para voltar para a defesa e fazer a saída de bola, a agora famosa 'saída de 3', na qual este conta também com os 2 zagueiros (que abrem pelos lados) pra sair jogando. Abidal era quase um terceiro zagueiro, e o lateral Daniel Alves já não era mais lateral, mas sim responsável pelas ações ofensivas pela direita, fazendo dobradinha com Pedro. Pelo outro lado, Iniesta encostava no Villa para armar jogadas, e Xavi distribuía o jogo pelo meio, como um médio volante de muita qualidade. Os 2 atacantes jogavam bem abertos para abrir a defesa adversária e Messi infiltrava pelo meio, fazendo surgir um novo termo no mundo futebolístico: o falso 9.
Desse modo o Barça dominou o cenário mundial do futebol por anos, vencendo 2 UCL. Após a saída de Pep Guardiola, passaram alguns comandantes que não conseguiram repetir o mesmo sucesso do primeiro. Nessa temporada, veio novamente a aposta em um jovem técnico ex jogador do time: Luis Enrique.
Sob seu comando, o time voltou a atuar no 4-3-3 clássico, com um volante preso à defesa, dois meias que vão e voltam, 2 jogadores abertos e 1 centro avante.
O jogo tirado como base para a análise foi contra o Manchester City, pelas 8as de final da UCL, quando foi utilizada força máxima. E assim foi como o Barcelona jogou:
Esquema inicial:

Ilustração do 4-3-3 do Barcelona.
Flagrante dos esquemas dos times: Barça no 4-3-3, e City no 4-2-3-1

O 4-3-3 na prática
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Mesmo sem a bola os atacantes se mantém no campo adversário |
Ataque:
Ao atacar, os laterais e os meias se lançam ao campo ofensivo, para criar vantagem numérica. Ficam atrás apenas os 2 zagueiros e o volante.
Movimentação:
Pressão:
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3 atacantes e 2 meias pressionando a saída de bola |
Defesa:

Recomposição:

Fator Messi:

Resumo:
O Barcelona de Luis Enrique joga no 4-3-3 clássico, com 2 jogadores abertos (Messi e Neymar) e 1 centralizado (Suarez). A proposta do time é jogar o máximo do tempo no campo adversário, e para isso marca alto e com pressão, para recuperar a bola o quanto antes, e o mais próximo possível do gol adversário. O tiki taka já não é evidente como anos atrás, mas a posse de bola é muito bem trabalhada. As características do jogadores não condizem com o ápice do tiki taka, e jogam de forma mais direta ao gol, apostando mais em jogadas individuais. Se antes o meio de campo era o ponto forte do time, contando com Xavi e Iniesta em grande fase, agora o trio sulamericano é o trunfo do Azul Grená.
Pontos fortes e fracos:
Se Xavi comandava o refinado toque de bola da equipe da Catalunha, o mesmo não se pode dizer sobre seu substituto Rakitic. O croata não apresenta nem de perto a mesma técnica do espanhol. Nesse quesito, o time perdeu qualidade e criatividade.
A defesa apresente números bons na temporada, principalmente na Liga Espanhola. No entanto, contra adversários perigosos (como nos jogos contra o Real Madrid) o sistema defensivo se mostrou facilmente envolvido em muitos lances, e não criava maiores resistências contra jogadas rápidas do adversário.
Como ponte forte, é notável que o trio de ataque é muito acima da média, contando com os melhores jogadores do mundo na posição. Qualquer um dos 3 pode decidir a qualquer momento, algo que nenhuma equipe no mundo tem.
Análise extra campo:
O momento do Barça é bom tanto no Campeonato Espanhol como na Liga dos Campeões, se observarmos os resultados. Porém, a relação dos jogadores com o técnico não é das melhores. Se o trio ofensivo se mostra bem relacionado e entrosado em campo, o mesmo não acontece com a relação com Luis Enrique. Em vários momentos pudemos observar a insatisfação dos jogadores ao serem substituídos, chegando a reclamar publicamente. Isso pode ser prejudicial para o final da temporada.
Bom artigo. Fico me perguntando qual o melhor trio: Messi Suarez Neymar ou Bale Benzema Ronaldo ou ainda Robben Lewandowski Ribery?
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