sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

A camisa do Galo e o método socrático

A internet é uma das tecnologias mais importantes para a nossa sociedade: permite que nos comuniquemos com todos os lados do mundo instantaneamente, que um volume inimaginável de informação esteja disponível a qualquer hora do dia e que façamos em minutos tarefas que antes demoravam horas. Em uma coisa, no entanto, a internet parece ter falhado miseravelmente: promover o diálogo. O exemplo mais recente foi a apresentação das novas camisas do Atlético Mineiro, que contou com modelos de biquini desfilando o manto atleticano e suas bundas. A polêmica sobre a validade da ação rapidamente tomou conta do facebook e como sempre de maneira binária: um lado acusando o clube e aqueles que gostaram da ação de machistas e segregadores e o outro diminuindo as críticas a mimimi e gritando que é por isso que o futebol está chato (inclusive relacionando tal pensamento à derrota por 7x1, por menos sentido que isso faça).
A possibilidade, nos dada pela internet, de ter milhões de pesssoas juntas para que dalí aparecessem argumentos interessantes e um diálogo entre visões de mundo diferentes foi rapidamente exterminada pelo domínio de argumentos rasos, pela raiva (muita raiva!) e por uma competição por quem grita mais alto (seja através de memes, seja por palavras de ordem como "mimimi" ou "não passarão"). Depois de dois ou três comentários ninguém mais estava interessado em expor o seu lado, entender o do outro e disso produzir uma visão mais profunda e completa da sociedade: todos se empenhavam única e exclusivamente em tentar gritar mais alto que o inimigo e assim sufocá-lo. Lá pelo décimo comentário já se observava o uso de falácias, mentiras e mais preconceitos sem qualquer compromisso com a verdade, com o respeito ao próximo ou com a evolução do diálogo. O importante era silenciar o outro lado, seja por um flood de palavras de ordem, seja tentando envergonhá-lo por pensar diferente. Muitos desses "debatedores", imagino e espero eu, percebiam que estavam fazendo algo errado, mas achavam que por se julgarem certos tinham o direito de inviabilizar o diálogo se isso garantisse uma vitória. É o ruim e velho "os fins justificam os meios".
O Sem Firulas não acredita nesse modelo de discussão: se a internet é isso então vamos fechar a página e voltar pra mesa de bar, porque lá ao menos olhamos nos olhos do outro e nos damos uma chance para entender porque ele pensa diferente. Como tentantiva de, pelo menos aqui, termos um diálogo de fato listamos algumas perguntas para cada lado da questão. Recomendamos que cada um só leia aquelas dirigidas a si, o intuito é desafiar - tornar sua visão mais completa, ampla e forte - e não reforçar aquilo que você já acredita, mas claro, fiquem a vontade para comentar qualquer uma delas:

Para quem acha o desfile normal e a reclamação "mimimi"
- Você não acha que classificar a reclamação de alguém como "mimimi" é fazer pouco caso com algo que para a pessoa é importante? E que no futuro algo que seja relevante para você pode vir a ser descreditado da mesma maneira? Simplesmente matar a discussão não é ruim para todos?
- Por que o futebol tem que ser somente para os homens? Se as mulheres se interessam por futebol, não pode ser interessante e agradável ir no jogo também com elas, debater com elas, etc? Daí não pode sair muita coisa legal?
- Se os homens gostam de ver desfiles e bundas de fora mas isso incomoda as mulheres, por que não o fazer em eventos voltados só para homens? Entendemos que até hoje o futebol era um desses meios, mas, convenhamos, 22 homens suados correndo atrás de uma bola não é o cenário ideal para se ter desejos sexuais por uma mulher.
- Você se sentiria bem num lugar com mulheres vestidas normalmente e homens semi-nus?
- Do ponto de vista do clube, não é simplesmente burro você ativamente excluir metade da população do seu público-alvo? Os torcedores atleticanos comprarão a camisa de qualquer jeito, as torcedoras ainda tem que ser convencidas disso.

Para quem acha o desfile inaceitável e sua defesa machismo
- Não é perigoso classificar toda manifestação de machismo da mesma forma, sem discutir o contexto e em que grau aquilo foi preconceituoso?
- Não deveríamos fazer com que as pessoas amadurecessem a ponto de terem contato com um desfile desses sem que isso as levassem a ser machistas? Não estamos criando um tabu e uma caça às bruxas que cada vez proibirá mais coisas mas nunca atingirá seu objetivo?
- Um dia a sociedade pode se tornar equilibrada, mas sempre haverá meios mais pensados para homens, meios mais pensados para mulheres e outros "neutros". Por que o futebol - ou o marketing de um clube - não pode ser um desses voltados para o público masculino?
- Em Janeiro o CRB lançou seu uniforme de maneira muito similar à do Galo, as fotos ficaram famosas no meio do futebol na internet e não houve uma reação como agora. Não é forçar a barra tratar como absurdo agora o mesmo fato que há pouco mais de um mês foi visto como normal? Não é até sacanagem com quem sempre viu isso com naturalidade agora querer rotulá-lo de machista?

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Como jogam os finalistas Barcelona e Juventus?

Vamos analisar brevemente como vêm jogando as equipes que farão a final da UCL nesse sábado.

O Barça representa bem o futebol espanhol, que é ofensivo e valoriza o toque de bola. Os catalães usam o 4-3-3 clássico, com dois atacantes abertos (Messi e Neymar) e um centralizado (Suarez). O que muda um pouco em relação maioria das equipes que usam o mesmo esquema é que o Messi sai bastante da direita para armar o jogo pelo meio, enquanto Neymar em alguns momentos volta para marcar pelo eu lado para fechar o meio de campo.

Em sua última partida pelo torneio, contra o Bayern, se postou dessa forma:



E a Juve também representa bem a filosofia de jogo de seu país, pois joga bem fechada, explorando contra ataques (principalmente com seu craque Tevez).

Tanto quando joga com 3 ou 4 zagueiros, o time todo volta, ficando à frente apenas os 2 atacantes.

Assim foi a formação da Velha Senhora na última semi final contra o Real Madrid:


segunda-feira, 20 de abril de 2015

4-3-3 x 4-1-4-1: como os esquemas se diferenciam na prática

Depois da ascensão meteórica do esquema 4-2-3-1 pelo mundo, parece que o esquema da moda agora é o 4-1-4-1. Ele se baseia  basicamente em 2 linhas de 4, porém com um jogador entre a defesa e o meio campo, e o centroavante, que fica à frente, isolado.

A proposta do esquema é que o jogador que fica à frente da defesa, dê mais consistência defensiva, evitando que exista um espaço vazio grande entre o setor e o meio de campo. Assim, jogador adversário não consegue jogar nas 'entre linhas'. Desse modo, os outros jogadores de meio (principalmente os que atuam abertos) acabam ganhando mais liberdade do que no 4-4-2 em linha, pois sabem que sempre terá um jogador do time preso, pronto para fazer as coberturas.

A disposição dos jogadores é a seguinte:


O 4-1-4-1, na verdade, é uma adaptação do 4-3-3 ao futebol moderno, pois envolve praticamente todos os jogadores na fase defensiva do jogo. E isso segue o conceito de compactação, tão almejado hoje em dia.

Porém, o esquema também tem suas desvantagens. Como os meias extremos recuam até o campo defensivo para marcar, o contra ataque consequentemente fica comprometido, já que estão quase todos recuados.

Já o 4-3-3 puro tem um desenho e conceitos parecidos, mas se diferencia basicamente na atuação dos meias extremos, que nesse caso, são realmente atacantes. Esses não voltam para marcar até a defesa, ficam no campo ofensivo a maior parte do tempo. 

Desse modo, o time acaba perdendo em compactação defensiva, deixando mais espaços para o adversário. Por outro lado, ganha ofensivamente, pois a toda hora tem 3 jogadores preparados para ir em direção ao gol.

O 4-3-3 se dispõe dessa maneira:



Poucas equipes hoje atuam assim, pois o consenso geral é que todos marquem, e quem não precisar marcar são apenas os craques. Pois bem, ainda existem times que atuam dessa maneira, e um dele é o Barcelona.

Depois de alguns anos com Guardiola no comando, a equipe atuou num sistema ímpar de jogo, quase indefinível por números. Mas esse ano, com Luis Enrique, voltou a usar o 4-3-3 clássico.

Contra o Valencia, nesse fim de semana, o 1o gol do Barça saiu rapidamente, aconteceu dessa maneira:


Antes do 1o minuto de jogo, o Valencia tentou o ataque, com 5 jogadores. Como resposta, o Barça se defendeu com 7 jogadores (os 4 defensores mais os 3 de meio campo).


Ao recuperar a bola, os catalães foram rapidamente ao ataque, buscando o 3 atacantes, que estavam posicionados para receber o passe.

Repare no relógio, onde em apenas 4 segundos isso tudo aconteceu. Ou seja, os 3 atacantes já estavam preparados para o contra ataque no campo ofensivo. E como isso ocorreu logo no começo, não houve um fator físico que explique isso, pois todos estavam descansados. Era uma ordem tática.

No mesmo dia, um outro time que está em alta, mas atua no 4-1-4-1, o Corinthians, jogou contra o rival Palmeiras. Pela imagem a seguir, podemos perceber a diferença de propostas de jogo, no momento em que o time está se defendendo:



Ao se defender, o Corinthians recua 9 jogadores; os 4 defensores, o volante e os 4 meias.
Detalhe: contra os mesmo número de 5 adversários que o Barcelona usou apenas 7 jogadores.



Conclusão:
Podem até existir os 'esquemas da moda', mas isso não quer dizer que são os melhores, ou que não se possa usar outros, até mesmo mais antigos.
A questão é utilizar da melhor maneira os jogadores do elenco, de modo equilibrado.
No caso do Barcelona, valeria a pena recuar Messi e Neymar para seguir os laterais adversários, perdendo parte de sua qualidade na frente, onde são decisivos? Para alguns sim, e para outros, não.




segunda-feira, 13 de abril de 2015

ANÁLISE DO BARCELONA

Após muitos anos com Guardiola no comando, o Barcelona se destacou mundialmente, entre outros motivos, pelo esquema de jogo inovador. Mas qual era esse esquema?

Era muito difícil decifrar ou mesmo nomear em que esquema jogava o Barça. Quando assumiu o cargo, Pep pegou um time que jogava no 4-3-3 clássico (instaurado pelo holandês Rijkaard), com 2 pontas e um centro avante, e incrementou algumas de suas ideias.

O primeiro e grande passo foi trazer o craque do time Messi da direita para o meio, onde ele era muito mais acionado. Já diziam alguns renomados treinadores que o craque tem que jogar livre para desenvolver sua criatividade, e parece que o então novato treinador catalão ouviu essa máxima.
Outras adaptações que ele fez foram utilizar um volante mais técnico para voltar para a defesa e fazer a saída de bola, a agora famosa 'saída de 3', na qual este conta também com os 2 zagueiros (que abrem pelos lados) pra sair jogando. Abidal era quase um terceiro zagueiro, e o lateral Daniel Alves já não era mais lateral, mas sim  responsável pelas ações ofensivas pela direita, fazendo dobradinha com Pedro. Pelo outro lado, Iniesta encostava no Villa para armar jogadas, e Xavi distribuía o jogo pelo meio, como um médio volante de muita qualidade. Os 2 atacantes jogavam bem abertos para abrir a defesa adversária e Messi infiltrava pelo meio, fazendo surgir um novo termo no mundo futebolístico: o falso 9.

Desse modo o Barça dominou o cenário mundial do futebol por anos, vencendo 2 UCL. Após a saída de Pep Guardiola, passaram alguns comandantes que não conseguiram repetir o mesmo sucesso do primeiro. Nessa temporada, veio novamente a aposta em um jovem técnico ex jogador do time: Luis Enrique.

Sob seu comando, o time voltou a atuar no 4-3-3 clássico, com um volante preso à defesa, dois meias que vão e voltam, 2 jogadores abertos e 1 centro avante.

O jogo tirado como base para a análise foi contra o Manchester City, pelas 8as de final da UCL, quando foi utilizada força máxima. E assim foi como o Barcelona jogou:

Esquema inicial:


Ilustração do 4-3-3 do Barcelona.


Flagrante dos esquemas dos times: Barça no 4-3-3, e City no 4-2-3-1

 


O 4-3-3 na prática

Mesmo sem a bola os atacantes se mantém no campo adversário
O que diferencia do 4-3-3 dos esquemas da moda, como o 4141, é a função dos pontas, ou 'wingers'. No último, os jogadores que atuam aberto voltam até atrás do meio campo para marcar e povoar o setor. Já no 4-3-3 puro, os 3 atacantes se mantém no campo ofensivo mesmo quando o adversário está com a bola, como mostra a imagem. São raras as vezes em que Messi e Neymar voltam para ajudar a defesa. Assim, ele seguram os defensores e laterais do oponente, que não podem largá-los.


Ataque:


Ao atacar, os laterais e os meias se lançam ao campo ofensivo, para criar vantagem numérica. Ficam atrás apenas os 2 zagueiros e o volante.


Movimentação:



Por vezes os meias infiltram na área adversária para finalizar, como mostra a imagem.


 Pressão:


3 atacantes e 2 meias pressionando a saída de bola
A proposta do time catalão é atacar para se defender, procurando ter a bola o máximo possível. Para isso, adianta sua marcação, e tenta roubar a bola o quanto antes. No 1o frame, os meias se adiantam para pressionar a saída de bola dos ingleses.O 2o frame flagra 6 Barcelonistas próximos à bola, na tentativa de abafar o contra ataque e recuperá-la rapidamente.


Defesa:




Sempre que possível a defesa sobe, em conjunto com o resto do time, para diminuir os espaços do adversário. Isso faz parte da marcação sob pressão, adiantar todo o time harmonicamente.


Recomposição:


Quando o time está sem a bola, os 3 meio campistas ficam em frente a defesa. Os 3 atacantes raramente voltam.



Fator Messi:

 Apesar de inicialmente ser escalado pela direita, Messi tem total liberdade para se movimentar, e inicia os contra ataques do Barça pelo meio. Frequentemente ele se encontra na faixa central do campo.


Resumo:
O Barcelona de Luis Enrique joga no 4-3-3 clássico, com 2 jogadores abertos (Messi e Neymar) e 1 centralizado (Suarez). A proposta do time é jogar o máximo do tempo no campo adversário, e para isso marca alto e com pressão, para recuperar a bola o quanto antes, e o mais próximo possível do gol adversário. O tiki taka já não é evidente como anos atrás, mas a posse de bola é muito bem trabalhada. As características do jogadores não condizem com o ápice do tiki taka, e jogam de forma mais direta ao gol, apostando mais em jogadas individuais. Se antes o meio de campo era o ponto forte do time, contando com Xavi e Iniesta em grande fase, agora o trio sulamericano é o trunfo do Azul Grená.

Pontos fortes e fracos:
Se Xavi comandava o refinado toque de bola da equipe da Catalunha, o mesmo não se pode dizer sobre seu substituto Rakitic. O croata não apresenta nem de perto a mesma técnica do espanhol. Nesse quesito, o time perdeu qualidade e criatividade.
A defesa apresente números bons na temporada, principalmente na Liga Espanhola. No entanto, contra adversários perigosos (como nos jogos contra o Real Madrid) o sistema defensivo se mostrou facilmente envolvido em muitos lances, e não criava maiores resistências contra jogadas rápidas do adversário.
Como ponte forte, é notável que o trio de ataque é muito acima da média, contando com os melhores jogadores do mundo na posição. Qualquer um dos 3 pode decidir a qualquer momento, algo que nenhuma equipe no mundo tem.

Análise extra campo:
O momento do Barça é bom tanto no Campeonato Espanhol como na Liga dos Campeões, se observarmos os resultados. Porém, a relação dos jogadores com o técnico não é das melhores. Se o trio ofensivo se mostra bem relacionado e entrosado em campo, o mesmo não acontece com a relação com Luis Enrique. Em vários momentos pudemos observar a insatisfação dos jogadores ao serem substituídos, chegando a reclamar publicamente. Isso pode ser prejudicial para o final da temporada.

sexta-feira, 27 de março de 2015

Funcionamento do 3-4-2-1 do Liverpool 2015

A diferença nos resultados do Liverpool em 2014 e 2015 é impressionante e a simultaneidade da virada do ano com a troca de esquema tático faz a atribuição dos louros das vitórias recair sobre a decisão de Brendan Rodgers (embora há quem conteste)

Responsável pelos resultados ou não, trata-se de um esquema interessante, que foge da moda do 4-2-3-1 (sem apelar para o 4-1-4-1, esquema que parece surgir como alternativa), dá segurança defensiva ao time e nos faz pensar sobre as alternativas que cada esquema traz.

Para essa análise foram usadas 4 partidas do Liverpool:
  • Liverpool 1 x 1 Chelsea - 20/01 - pela Copa da Liga
  • Liverpool 2 x 0 West Ham - 31/01
  • Everton 0 x 0 Liverpool - 07/02
  • Liverpool 2 x 1 Manchester City - 01/03
Os jogos foram escolhidos "aleatoriamente" (aqueles que eu consegui downloadar) e contam com um viés de ter 3 jogos em casa e apenas 1 fora, mas são contra rivais (exceção ao West Ham) e relativamente espaçados no tempo.

Formação Básica
O 3-4-2-1 do Liverpool poderia ser chamado de 3-4-3 ou até de 3-6-1 por aqueles que preferem simplificar as siglas linha de ônibus dos esquemas táticos. Ele é composto de:
  • 3 Zagueiros
  • 2 Volantes
  • 2 Alas
  • 2 Meia-atacantes
  • 1 Centroavante
Saída de Bola
Se a tendência no futebol atual parece ser a Saída de 3 (recuo de um volante - formando uma linha de 3 com os zagueiros - e avanço dos laterais), no Liverpool ela se dá de maneira ainda mais natural, pelo fato do time já contar com 3 zagueiros. Estes espalham-se de lateral a lateral e rodam a bola procurando os volantes. Os alas sobem e alinham-se aos meia-atacantes, mas quando o time é pressionado ou os volantes não conseguem se desmarcar alguém volta para dar opção.
 

Organização Ofensiva
Com a posse de bola os alas sobem e se alinham aos meia-atacantes, formando uma linha de 4 e obrigando a defesa adversária a se preocupar com toda a largura do campo. O centroavante se põe à frente e se movimenta bastante, já que não conta com um companheiro na região. A proposta do Liverpool é mais de velocidade do que de envolver o adversário, apostando em troca de posições, tabelas e ultrapassagens na região da intermediária ou em chutes de fora. Quando a defesa rival consegue se postar o time tem dificuldades em criar espaços, raramente se vê um meia-atacante infiltrando, puxando a marcação e abrindo espaço para que um volante suba e receba em condições de avançar ou enfiar uma bola, por exemplo.



Movimentações
O meia-atacante abre e cria espaço para o avanço do ala, que entra

Centroavante se movimenta e causa um erro defensivo no adversário
Participação (ou não) dos volantes na fase ofensiva:




Transição defensiva
Apesar de contar com 3 homens de frente, a retaguarda de 2 volantes e 3 zagueiros em último caso, o Liverpool pressiona pouco a saída de bola. Nos 4 jogos assistidos o time pressionou o adversário apenas em situações de necessidade ou propícias (um erro do adversário, por exemplo). Embora os jogadores próximos à bola tentem retomá-la ou atrapalhar a saída do jogador que a roubou, não se observa aquela urgência em não deixar o adversário jogar que se imaginaria num esquema com 3 atacantes (e que o Barcelona masterizou). Por outro lado, o time raramente sofre contra-ataques, seja pelo chão ou na bola longa, já que conta com 5 jogadores na retaguarda

Organização defensiva
A organização defensiva de um time sempre depende em parte de como o adversário ataca, mas de maneira geral, o Liverpool marca com 7 (zagueiros, volantes e alas) e pressiona com os 2 meia-atacantes - evitando que o adversário inverta a bola e explore o buraco deixado pela ausência de um 8o jogador na marcação (presente quando um time se posta em duas linhas de 4, por exemplo). Os alas tem um papel importante no esquema, alinhando-se aos volantes inicialmente (3-4) e recuando alternadamente quando o adversário avança (4-3). Esse movimento foi analisado minuciosamente por Eduardo Cecconi em seu Análises Táticas no Impedimento.org, mas infelizmente seus textos não estão mais online: quando o adversário ataca pelo flanco esquerdo da defesa o ala daquele lado dá combate, os 3 zagueiros basculam para a região e o ala do outro lado recua, fazendo o que o lateral direito faria num esquema com 4 atrás. Quando o ataque vem pela direita, o movimento é o contrário
4-3


7 marcando e os dois meia-atacantes prontos para pressionar uma bola atrasada

Marcação inicial: 4 no meio

Já postado com 4 atrás
Balanço dos alas



Contra-ataque
O contra-ataque acontece de maneira bastante natural e direta: como os meia-atacantes apenas cercam e marcam o recuo da bola durante a fase defensiva eles se tornam o alvo natural do jogador que rouba a bola, pois normalmente estão avançados e desmarcardos. Com a bola normalmente conduzem com velocidade em direção ao gol e têm como opção o outro meia-atacante, o centroavante e eventualmente um ala.

Variações
Nas 4 partidas analisadas o Liverpool se manteve bem fiel a sua proposta, mesmo quando perdia para o Chelsea em casa ou quando vencia o West Ham. A exceção foi o jogo com o Manchester City: preocupados com os ataques pelos flancos do time de Manchester, o Liverpool raramente se posicionou com 3 atrás, e depois de abrir 1x0 tentou com 9 jogadores em duas linhas: terminou deixando muito espaço entre elas e possibilitando a David Silva receber livre, bagunçar a defesa dos Reds e deixar Dzeko cara a cara com Mignolet pra empatar a partida.
4-5-1 com meia-atacantes marcando: duas linhas distantes deram muito espaço a David Silva

442 com um meia-atacante marcando e um ala virando lateral

532: preocupação com o jogo pelos flancos do City

541
Conclusões
O esquema montado por Brendan Rodgers deu muita consistência defensiva ao Liverpool: raramente se vê o time em desvantagem numérica - mesmo em situações de contra-ataque - e permite ao adversários poucas chances por jogo. Mesmo marcando com 7, a pressão dos dois meia-atacantes encaixota os meias adversários e faz com que a urgência de sair da situação desconfortável evite que a bola seja invertida para explorar o buraco decorrente da falta do 8o marcador. Assim, o Liverpool obriga o adversário a rifar a bola e, com uma cobertura eficaz dos 3 zagueiros, não deixa que o adversário tenha volume de jogo. O preço a ser pago é um ataque pouco envolvente, que aposta em jogadas rápidas no meio de campo ou em jogadas individuais - em especial os chutes de fora de Coutinho. Quando o adversário posta sua defesa, o Liverpool também termina tendo que forçar um passe na esperança que o talento individual de seus homens de frente supere a vantagem tática do adversário.
Há que se destacar a versatilidade do elenco do Liverpool: Cam joga de zagueiro ou volante, Gerrard de volante ou meia-atacante, Sterling de centroavante, meia-atacante ou ala, Lallana de meia-atacante ou ala, e assim em diante. Isso permite a Rodgers variar bastante o time durante a partida, colocando um centroavante no lugar de um ala, por exemplo. Tecnicamente os 3 zagueiros estão muito bem, Coutinho brilha como nunca e Markovic (ou seu substituto Ibe) sempre tem algo interessante para mostrar. Fica a vontade de ver o esquema com um elenco ainda mais qualificado, com um meia-atacante melhor do que Lallana, um ala esquerdo mais perigoso e um centroavante mais matador do que Sterling (Sturridge parece condenado a lesões). Taticamente, talvez valesse a pena liberar mais os volantes, mesmo que para isso se abra mão de parte da consistência defensiva.

Reflexão
A diferença tática fundamental entre Brasil e Inglaterra se deu na aplicação do 4-4-2 clássico: enquanto por aqui separamos o meio de campo entre volantes e meias - os primeiros não atacam e os outros não marcam - liberando os laterais para subirem e assim darem amplitude ao ataque, no lado de lá do Atlântico lateral é zagueiro e todos os jogadores do meio defendem e atacam (wingers e box-to-box). Ultimamente virou unanimidade que nosso modelo é atrasado e obsoleto e o 4-4-2 quadrado virou sinônimo de fracasso. Segundo esse raciocínio, dar moleza pros meias na fase defensiva nos fragiliza demais e ter volantes que só destróem é desperdício (curiosamente nunca fizemos o mesmo questionamento em relação a laterais que não sobem).
No entanto, é exatamente da terra da rainha que vem um esquema "moderno" que usa muitos princípios do modelo brasileiro de 4-4-2. Ao trocar um atacante por um zagueiro, o 3-4-2-1 do Liverpool tem jogadores pelos lados do campo que vem e vão em toda jogada, participando ativamente tanto da fase ofensiva quanto da defensiva (alas pra eles, laterais no nosso 4-4-2), volantes que pouco aparecem no ataque e meias que não marcam, apenas cercam e pressionam.
Sistemas táticos entram e saem de moda, importando mais como se aplica eles do que quais são seus números. Nunca podemos afirmar que sistema X é superior ou moderno e que Y é ultrapassado e não dá mais certo, sob pena de vermos Y dominando X num futuro próximo.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

São Paulo 2x2 Palmeiras - Rio-São Paulo 2002

GRANDES PALMEIRAS x SÃO PAULO
Esse final de semana tem Choque-Rei e por isso pedimos a sãopaulinos e palmeirenses que contassem qual jogo entre as duas equipes foi especialmente marcante para eles.

Pedro De Luna escolhe um improvável São Paulo 2x2 Palmeiras no Rio-SP de 2002 (o jogo decidido nos cartões) e tem ótimos motivos para isso:

"Aquele São Paulo x Palmeiras em que eliminamos os caras por cartões, na semifinal do Rio-SP de 2002 é certamente minha lembrança mais forte do Choque-Rei.

Eu mal me lembro do jogo em si e tenho um bom motivo pra isso. Tinha 13 anos na época e consegui o privilégio de entrar com os jogadores em campo. O primeiro jogo, se não me engano, tinha sido 1x1, com gol do Rogerio, e eu também tinha entrado com o time, pela primeira vez na vida - naquele dia, adentrei o relvado com o Emerson, zagueiro de triste lembrança para nós, tricolores.

Para tanto, você precisa ir vestido com o uniforme completo. Eu fui, mas levei uma blusa preta pra pôr por cima. Meu pai parou o carro, sabe-se lá por que, num lugar meio afastado do estádio, algo como uma zona mista, que nos obrigava a passar pelo meio da torcida do Palmeiras pra entrar - e lembremos que eram tempos em que a divisão de ingressos era 50-50%... Pois bem, quando passava no meio da massa alviverde, ouvi algumas piadas, uns "eae viadinho", mas tudo num clima light. Entrei tranquilo.

Fui para a área onde os mascotes aguardavam a liberação pra entrar no campo, ali onde o ônibus para. Só tinha pivetinhos e eu era o mais velho. Fiquei circulando, me lembro de ter visto Pedro Bassan, repórter global, passando blush (sim) no rosto e de ter cumprimentado o Luizão, então massagista do São Paulo e da Seleção Brasileira na Copa de 94. Ele acenou com a cabeça como quem estranhava muito o fato de um pré-adolescente saber o seu nome e seu rosto.

França, meu grande ídolo da vida, já estava negociado com o Bayer Leverkusen, e meu intuito era, a qualquer custo, entrar com ele. Fiquei muito triste quando soube que ele foi vetado pela lesão no adutor que sofreu no meio daquela semana, quando perdemos pro Corinthians pela semifinal da Copa do Brasil. Me posicionei na boca do túnel e o primeiro a subir foi Fabio Simplicio, que, eu observei, tinha ficado orando sozinho dentro do túnel por uns 3 minutos, antes de ser abraçado longamente pelo Milton Cruz, que lhe passava palavras de força. Simplicio subiu dando um berro a plenos pulmões, o que provavelmente assustou todos aqueles fedelhos esperançosos.

Kaká foi o segundo a subir e eu fui junto com ele. Vieram mais uns 8 mascotes nesse rabo de cometa e eu falei "Vai pra cima do Magrão, Kaká. Pra cima do Magrão!". Ele meio que ignorou. O time tirou foto e eu fiquei ali, junto, no bolo, e jamais me esqueço que Reginaldo Cachorrão comentou com o Sandro Hiroshi - ambos reservas: "Ô Sandro, esse aí já tem tamanho pra entrar no campo com a gente, hein?". Hiroshi e eu rimos. (mal desconfiava o Cachorrão do quão irônico era fazer piadas com idade com o Sandro Hiroshi)

Fim da Parte I

Parte II
Começou o jogo e eu fui pra cativa assistir com meu pai e meu primo, 2 anos mais velho. Lá, a maioria era são paulina, mas tinha muito palmeirense também. O jogo foi tenso, como muitos lembram, cada cartão amarelo era comemorado feito um gol pelas arquibancadas (proj. Eduardo José Farah) e, em dado momento de desvantagem, a torcida perdeu a paciência com o Kaká. A cativa, como eu tão bem sei, começou a xingá-lo de tudo que é possível. Eis que um cara se levanta e manda pararem. Ninguém parou. O cara levantou de novo e falou "porra, olha aqui, essa aqui é a mãe dele, e aqui o pai e o irmão!". Os gritos de filha da puta nem assim cessaram.

No fim, o São Paulo passou, e meu pai quis ir embora assim que o juiz apitou. Eu disse: "Opa, nem fodendo. Eu tô aqui com esse uniforme completo do rival que acabou de eliminar os caras, e você vai obrigar teu filho a passar no meio do furacão?". Ele concordou. Ficamos nós 3 lá dentro esperando, por 1 hora ou um pouco mais. Quando saímos, o estádio estava vazio, completamente. Já estava escuro, descemos a rampa, passamos pela Jules Rimet também vazia e eis que, das TREVAS, surge um cara de 1,90m e pouco, olhar mau, camisa da Mancha Verde, atravessando a rua na nossa direção. "Tio, tio, deixa eu ver esse calção do moleque aí!". Eu estava com o moletom preto por cima da camisa do São Paulo, mas o calção branco, cujo símbolo eu tampava com a mão, parecia ter me entregado. Meu pai (nota da redação: 1,71m de altura) tomou a frente e falou: "Você não vai ver nada não". O cara parecia fabulosamente dopado, meu primo também ficou na frente, meio que me escondendo, e eu vi mais 2 caras da Mancha atravessando a rua na nossa direção.

Nem pensei. Sem meu pai e meu primo verem, saí correndo de volta para o estádio. Estava claro que ali ia dar merda. Tenho certeza absoluta que, se eu competisse nos 100m rasos olímpicos naquele momento, no mínimo um bronze eu ganhava. Corri pela minha vida, como nunca, desesperado, sem olhar pra trás. Os dois da Mancha vieram atrás. Subi a rampa de volta - dessa vez pras arquibancadas, e, para meu desespero, não havia uma alma viva lá dentro. Consegui despistá-los e, ofegante, deitei num degrau da arquibancada, me escondendo. Deu uns 2 minutos, eles me acharam.

Olhei pros caras, deviam ter seus 22/25 anos, uma puta cara de tontos, e me senti meio que como o Macaulay Culkin em "Esqueceram de Mim". Pensei comigo mesmo que eu tinha que medir muito bem as palavras e jogar um peso na consciência deles. Falei: "Caras, eu não fiz absolutamente nada pra vocês, não sou de organizada, não tô provocando ninguém, só queria ir pra casa com a minha família. Não estraguem a vida de vocês fazendo isso com uma criança, ainda mais dentro do estádio. Vocês devem ter família também". Eles se entreolharam, cochicharam algo e falaram: "Dá o uniforme aí". Eu dei a camisa. "Todo!". Eu tive que dar o calção e o meião também. Sabe-se lá como, meu pai e meu primo me acharam lá dentro, e eu estava de cueca dentro do estádio do Morumbi. Uma cena completamente surreal. Pra ir embora, tivemos que bater numa daquelas portas nos aneis laterais do estádio, onde ficam os vendedores de pipoca, amendoim, picolé e salgadinhos. Peguei um avental emprestado deles pra ir até o carro e vazei.

Ao saber do incidente, meu outro primo palmeirense, 11 anos mais velho, ficou transtornado, em choque mesmo. Ele veio um dia daquela semana e falou: "Peraí só um pouquinho". Foi buscar algo no quarto dele. "Toma". Era uma camisa do Palmeiras, daquela listrada, da Parmalat, original, do Evair, e uma tesoura. E disse: "Pode rasgar. Essa merda não tem mais valor pra mim. Filho da puta nenhum vai levar meu primo de mim". Apesar do lindo gesto, eu não rasguei a relíquia dele.

CAUSOS DA BOLA."

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Erros defensivos na 1a rodada da Copa

Nessa primeira semana de Copa me chamou a atenção a quantidade de vezes em que via as linhas defensivas tortas, normalmente com 3 jogadores alinhados e o quarto fora de lugar, "perdido". Como o primeiro jogo no qual notei isso foi no Holanda 5x1 Espanha escolhi este jogo para analisar, embora tal erro tenha se repetido em diversos jogos deste início de mundial (acabo de ver Austrália 2x3 Holanda pela 2a rodada do Grupo B, no qual o 2o gol holandês nasce de uma não-linha de não-impedimento australiana, por exemplo).

Inicialmente "inocentei" a Holanda, que por jogar com 3 zagueiros conta com um líbero que fica na sobra e se posiciona atrás dos demais. No entanto este esquema requer um bom sistema de compensações e movimentações, seja porque um dos zagueiros sai no bote ou ajuda o meio-campo, seja porque um dos alas se alinha à zaga e forma a famosa linha de 4. Abaixo mostrarei como esse sistema falhou e quase custou o jogo para os holandeses.

Antes, no entanto, ilustro como as linhas defensivas ainda não se acertaram nessa Copa. O lance é o golaço de Van Persie, que empatou a partida no final do 1o tempo. Trata-se um gol muito mais técnico (o primoroso lançamento de Blind e o genial peixinho de Van Persie) do que tático, porém há um erro de posicionamento da defesa espanhola.

(sempre colocarei o flagrante tático ANTES e comentarei DEPOIS. Ao final da análise o link para o vídeo do lance)



Reparem como o zagueiro da La Roja coloca-se atrás de Robben, enquanto os outros 3 alinham-se e deixam Van Persie "impedido". Graças a isso, o holandês tem condições de jogo e pode partir em velocidade rumo à área. Blind, que estava com a bola dominada de frente pro lance, percebe a situação e o resto é colírio pros olhos.




Erro de cobertura:
O segundo erro, aquele ao qual já me referi, da Holanda, é o do lance anterior a este gol. Quem assistiu o jogo provavelmente se lembrará: Iniesta acha David Silva livre, que fica cara a cara com o goleiro e dá uma cavadinha, mas Cilessen termina desviando a bola.



Percebam como não foi um passe milimétrico daqueles que encontra espaço onde não há e desmonta uma defesa bem postada: há um enorme buraco ali.


Tudo começa no campo de defesa espanhol, quando David Silva se aproxima e é seguido por De Jong, o volante daquele lado.




Com o avanço da marcação holandesa, que tenta marcar a saída de bola espanhola (o que era necessário, dado o placar até o momento, e extremamente conveniente para La Roja, dado seu estilo de jogo) De Jong "passa" a marcação para o zagueiro Indi (reparem que ele até sinaliza isso com o braço).



Quando Silva chega ao outro lado do campo, Indi passa a marcação para De Guzman, que joga na direita, e volta para sua faixa do campo.



O problema é que com De Jong tendo ficado lá na frente após a tentativa de marcar a saída de bola, Indi voltando pra esquerda e De Guzman acompanhando Silva, Iniesta tem todo o campo a sua disposição.



A solução é De Vrij sair no bote, e é aí que falha o sistema de compensações holandês. De Guzman, por falha individual ou por não perceber que seu zagueiro tinha abandonado a posição para dar combate no meio, deixa de acompanhar David Silva. Iniesta percebe a falha, evita De Vrij com um corte e lança seu companheiro. Vlaar (o líbero) preocupado com Diego Costa (que também ajuda puxando a marcação) não percebe a jogada e ainda dá condições a David Silva, que em velocidade recebe livre de frente pro gol. Se a bola tivesse morrido no fundo das redes provavelmente o primeiro tempo terminaria 2x0 e a história do jogo (e da Copa) para os atuais campeões poderia ter sido bem diferente (ou não).

Para que tal situação não tivesse acontecido, De Guzman poderia ter acompanhado David Silva até o final, Vlaar poderia ter ocupado o lugar de De Vrij quando este saiu à caça (formando uma linha de 4 com Indi e os alas, deixando Diego Costa em impedimento e a cargo de seu companheiro de zaga) ou De Guzman poderia ter dado combate em Iniesta e deixado Silva a cargo de De Vrij. O fato é que nenhuma das opções foi adotada, o ataque espanhol envolveu a defesa holandesa e quase "mata" o jogo.


Erro de adaptação / reação:
Por último, ilustro um erro de atenção / adaptação. Por incrível (e, para mim, doloroso) que pareça trata-se da experiente e copeira seleção uruguaia. Em sua estréia contra a Costa Rica o Uruguai saiu na frente, mas minutos depois de tomar o gol de empate cedeu a virada numa falta central na intermediária. A questão é que tal situação (uma falta nesta região) já havia acontecido duas vezes no jogo e em ambas a Costa Rica havia levado perigo à meta de Muslera da mesma maneira: uma bola esticada no bico da pequena área do segundo pau, daquela que os defensores tem dificuldade de tirar por serem difíceis de alcançar e que um toque do atacante pode ser mortal.


Na primeira falta, o costa riquenho ajeita para trás e seu companheiro erra o chute.


Na segunda, o atacante sobe livre entre Lugano e Godin e obriga o goleiro a uma difícil defesa


E na terceira a bola passa a centímetros da chuteira uruguaia e encontra a cabeça (impedida) de um adversário, que acerta um belo efeito nela e vira o jogo.

Link para o relato do jogo na GloboEsporte, já que a dona fifa tirou todos os vídeos do youtube

Conclusão:
O interessante é que na Copa passada eu já havia notado um desentrosamento das equipes no começo do torneio, no entanto o efeito foi inverso ao de 2014. Na África do Sul os times decidiram se fechar e evitar gols, acertar a casa e apenas com o passar dos jogos e sua evolução tática se preocupar em atacar, produzindo jogos sofríveis e com baixa média de gols nas primeiras rodadas da Copa. Por aqui a maioria das equipes terminou explorando as fragilidades de seus adversários, mesmo que para isso tenham deixado suas fraquezas mais expostas.

Bom para o espetáculo, bom para o público e, por que não?, bom para o futebol

Paralelamente à nossa fanpage estamos fazendo um blog com nossos relatos de jogos que vimos no estádio, contando a experiência de quem pôde ir a um jogo, desde como está a cidade até como foi a torcida durante a partida: é o Sem Firulas na Copa. Quem puder compartilhá-lo, agradecemos

E se você gosta de analisar partidas, o 4dFoot está colocando todos os jogos da Copa para download. Use e divulgue!