segunda-feira, 20 de abril de 2015

4-3-3 x 4-1-4-1: como os esquemas se diferenciam na prática

Depois da ascensão meteórica do esquema 4-2-3-1 pelo mundo, parece que o esquema da moda agora é o 4-1-4-1. Ele se baseia  basicamente em 2 linhas de 4, porém com um jogador entre a defesa e o meio campo, e o centroavante, que fica à frente, isolado.

A proposta do esquema é que o jogador que fica à frente da defesa, dê mais consistência defensiva, evitando que exista um espaço vazio grande entre o setor e o meio de campo. Assim, jogador adversário não consegue jogar nas 'entre linhas'. Desse modo, os outros jogadores de meio (principalmente os que atuam abertos) acabam ganhando mais liberdade do que no 4-4-2 em linha, pois sabem que sempre terá um jogador do time preso, pronto para fazer as coberturas.

A disposição dos jogadores é a seguinte:


O 4-1-4-1, na verdade, é uma adaptação do 4-3-3 ao futebol moderno, pois envolve praticamente todos os jogadores na fase defensiva do jogo. E isso segue o conceito de compactação, tão almejado hoje em dia.

Porém, o esquema também tem suas desvantagens. Como os meias extremos recuam até o campo defensivo para marcar, o contra ataque consequentemente fica comprometido, já que estão quase todos recuados.

Já o 4-3-3 puro tem um desenho e conceitos parecidos, mas se diferencia basicamente na atuação dos meias extremos, que nesse caso, são realmente atacantes. Esses não voltam para marcar até a defesa, ficam no campo ofensivo a maior parte do tempo. 

Desse modo, o time acaba perdendo em compactação defensiva, deixando mais espaços para o adversário. Por outro lado, ganha ofensivamente, pois a toda hora tem 3 jogadores preparados para ir em direção ao gol.

O 4-3-3 se dispõe dessa maneira:



Poucas equipes hoje atuam assim, pois o consenso geral é que todos marquem, e quem não precisar marcar são apenas os craques. Pois bem, ainda existem times que atuam dessa maneira, e um dele é o Barcelona.

Depois de alguns anos com Guardiola no comando, a equipe atuou num sistema ímpar de jogo, quase indefinível por números. Mas esse ano, com Luis Enrique, voltou a usar o 4-3-3 clássico.

Contra o Valencia, nesse fim de semana, o 1o gol do Barça saiu rapidamente, aconteceu dessa maneira:


Antes do 1o minuto de jogo, o Valencia tentou o ataque, com 5 jogadores. Como resposta, o Barça se defendeu com 7 jogadores (os 4 defensores mais os 3 de meio campo).


Ao recuperar a bola, os catalães foram rapidamente ao ataque, buscando o 3 atacantes, que estavam posicionados para receber o passe.

Repare no relógio, onde em apenas 4 segundos isso tudo aconteceu. Ou seja, os 3 atacantes já estavam preparados para o contra ataque no campo ofensivo. E como isso ocorreu logo no começo, não houve um fator físico que explique isso, pois todos estavam descansados. Era uma ordem tática.

No mesmo dia, um outro time que está em alta, mas atua no 4-1-4-1, o Corinthians, jogou contra o rival Palmeiras. Pela imagem a seguir, podemos perceber a diferença de propostas de jogo, no momento em que o time está se defendendo:



Ao se defender, o Corinthians recua 9 jogadores; os 4 defensores, o volante e os 4 meias.
Detalhe: contra os mesmo número de 5 adversários que o Barcelona usou apenas 7 jogadores.



Conclusão:
Podem até existir os 'esquemas da moda', mas isso não quer dizer que são os melhores, ou que não se possa usar outros, até mesmo mais antigos.
A questão é utilizar da melhor maneira os jogadores do elenco, de modo equilibrado.
No caso do Barcelona, valeria a pena recuar Messi e Neymar para seguir os laterais adversários, perdendo parte de sua qualidade na frente, onde são decisivos? Para alguns sim, e para outros, não.




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