quarta-feira, 3 de junho de 2015

Como jogam os finalistas Barcelona e Juventus?

Vamos analisar brevemente como vêm jogando as equipes que farão a final da UCL nesse sábado.

O Barça representa bem o futebol espanhol, que é ofensivo e valoriza o toque de bola. Os catalães usam o 4-3-3 clássico, com dois atacantes abertos (Messi e Neymar) e um centralizado (Suarez). O que muda um pouco em relação maioria das equipes que usam o mesmo esquema é que o Messi sai bastante da direita para armar o jogo pelo meio, enquanto Neymar em alguns momentos volta para marcar pelo eu lado para fechar o meio de campo.

Em sua última partida pelo torneio, contra o Bayern, se postou dessa forma:



E a Juve também representa bem a filosofia de jogo de seu país, pois joga bem fechada, explorando contra ataques (principalmente com seu craque Tevez).

Tanto quando joga com 3 ou 4 zagueiros, o time todo volta, ficando à frente apenas os 2 atacantes.

Assim foi a formação da Velha Senhora na última semi final contra o Real Madrid:


segunda-feira, 20 de abril de 2015

4-3-3 x 4-1-4-1: como os esquemas se diferenciam na prática

Depois da ascensão meteórica do esquema 4-2-3-1 pelo mundo, parece que o esquema da moda agora é o 4-1-4-1. Ele se baseia  basicamente em 2 linhas de 4, porém com um jogador entre a defesa e o meio campo, e o centroavante, que fica à frente, isolado.

A proposta do esquema é que o jogador que fica à frente da defesa, dê mais consistência defensiva, evitando que exista um espaço vazio grande entre o setor e o meio de campo. Assim, jogador adversário não consegue jogar nas 'entre linhas'. Desse modo, os outros jogadores de meio (principalmente os que atuam abertos) acabam ganhando mais liberdade do que no 4-4-2 em linha, pois sabem que sempre terá um jogador do time preso, pronto para fazer as coberturas.

A disposição dos jogadores é a seguinte:


O 4-1-4-1, na verdade, é uma adaptação do 4-3-3 ao futebol moderno, pois envolve praticamente todos os jogadores na fase defensiva do jogo. E isso segue o conceito de compactação, tão almejado hoje em dia.

Porém, o esquema também tem suas desvantagens. Como os meias extremos recuam até o campo defensivo para marcar, o contra ataque consequentemente fica comprometido, já que estão quase todos recuados.

Já o 4-3-3 puro tem um desenho e conceitos parecidos, mas se diferencia basicamente na atuação dos meias extremos, que nesse caso, são realmente atacantes. Esses não voltam para marcar até a defesa, ficam no campo ofensivo a maior parte do tempo. 

Desse modo, o time acaba perdendo em compactação defensiva, deixando mais espaços para o adversário. Por outro lado, ganha ofensivamente, pois a toda hora tem 3 jogadores preparados para ir em direção ao gol.

O 4-3-3 se dispõe dessa maneira:



Poucas equipes hoje atuam assim, pois o consenso geral é que todos marquem, e quem não precisar marcar são apenas os craques. Pois bem, ainda existem times que atuam dessa maneira, e um dele é o Barcelona.

Depois de alguns anos com Guardiola no comando, a equipe atuou num sistema ímpar de jogo, quase indefinível por números. Mas esse ano, com Luis Enrique, voltou a usar o 4-3-3 clássico.

Contra o Valencia, nesse fim de semana, o 1o gol do Barça saiu rapidamente, aconteceu dessa maneira:


Antes do 1o minuto de jogo, o Valencia tentou o ataque, com 5 jogadores. Como resposta, o Barça se defendeu com 7 jogadores (os 4 defensores mais os 3 de meio campo).


Ao recuperar a bola, os catalães foram rapidamente ao ataque, buscando o 3 atacantes, que estavam posicionados para receber o passe.

Repare no relógio, onde em apenas 4 segundos isso tudo aconteceu. Ou seja, os 3 atacantes já estavam preparados para o contra ataque no campo ofensivo. E como isso ocorreu logo no começo, não houve um fator físico que explique isso, pois todos estavam descansados. Era uma ordem tática.

No mesmo dia, um outro time que está em alta, mas atua no 4-1-4-1, o Corinthians, jogou contra o rival Palmeiras. Pela imagem a seguir, podemos perceber a diferença de propostas de jogo, no momento em que o time está se defendendo:



Ao se defender, o Corinthians recua 9 jogadores; os 4 defensores, o volante e os 4 meias.
Detalhe: contra os mesmo número de 5 adversários que o Barcelona usou apenas 7 jogadores.



Conclusão:
Podem até existir os 'esquemas da moda', mas isso não quer dizer que são os melhores, ou que não se possa usar outros, até mesmo mais antigos.
A questão é utilizar da melhor maneira os jogadores do elenco, de modo equilibrado.
No caso do Barcelona, valeria a pena recuar Messi e Neymar para seguir os laterais adversários, perdendo parte de sua qualidade na frente, onde são decisivos? Para alguns sim, e para outros, não.




segunda-feira, 13 de abril de 2015

ANÁLISE DO BARCELONA

Após muitos anos com Guardiola no comando, o Barcelona se destacou mundialmente, entre outros motivos, pelo esquema de jogo inovador. Mas qual era esse esquema?

Era muito difícil decifrar ou mesmo nomear em que esquema jogava o Barça. Quando assumiu o cargo, Pep pegou um time que jogava no 4-3-3 clássico (instaurado pelo holandês Rijkaard), com 2 pontas e um centro avante, e incrementou algumas de suas ideias.

O primeiro e grande passo foi trazer o craque do time Messi da direita para o meio, onde ele era muito mais acionado. Já diziam alguns renomados treinadores que o craque tem que jogar livre para desenvolver sua criatividade, e parece que o então novato treinador catalão ouviu essa máxima.
Outras adaptações que ele fez foram utilizar um volante mais técnico para voltar para a defesa e fazer a saída de bola, a agora famosa 'saída de 3', na qual este conta também com os 2 zagueiros (que abrem pelos lados) pra sair jogando. Abidal era quase um terceiro zagueiro, e o lateral Daniel Alves já não era mais lateral, mas sim  responsável pelas ações ofensivas pela direita, fazendo dobradinha com Pedro. Pelo outro lado, Iniesta encostava no Villa para armar jogadas, e Xavi distribuía o jogo pelo meio, como um médio volante de muita qualidade. Os 2 atacantes jogavam bem abertos para abrir a defesa adversária e Messi infiltrava pelo meio, fazendo surgir um novo termo no mundo futebolístico: o falso 9.

Desse modo o Barça dominou o cenário mundial do futebol por anos, vencendo 2 UCL. Após a saída de Pep Guardiola, passaram alguns comandantes que não conseguiram repetir o mesmo sucesso do primeiro. Nessa temporada, veio novamente a aposta em um jovem técnico ex jogador do time: Luis Enrique.

Sob seu comando, o time voltou a atuar no 4-3-3 clássico, com um volante preso à defesa, dois meias que vão e voltam, 2 jogadores abertos e 1 centro avante.

O jogo tirado como base para a análise foi contra o Manchester City, pelas 8as de final da UCL, quando foi utilizada força máxima. E assim foi como o Barcelona jogou:

Esquema inicial:


Ilustração do 4-3-3 do Barcelona.


Flagrante dos esquemas dos times: Barça no 4-3-3, e City no 4-2-3-1

 


O 4-3-3 na prática

Mesmo sem a bola os atacantes se mantém no campo adversário
O que diferencia do 4-3-3 dos esquemas da moda, como o 4141, é a função dos pontas, ou 'wingers'. No último, os jogadores que atuam aberto voltam até atrás do meio campo para marcar e povoar o setor. Já no 4-3-3 puro, os 3 atacantes se mantém no campo ofensivo mesmo quando o adversário está com a bola, como mostra a imagem. São raras as vezes em que Messi e Neymar voltam para ajudar a defesa. Assim, ele seguram os defensores e laterais do oponente, que não podem largá-los.


Ataque:


Ao atacar, os laterais e os meias se lançam ao campo ofensivo, para criar vantagem numérica. Ficam atrás apenas os 2 zagueiros e o volante.


Movimentação:



Por vezes os meias infiltram na área adversária para finalizar, como mostra a imagem.


 Pressão:


3 atacantes e 2 meias pressionando a saída de bola
A proposta do time catalão é atacar para se defender, procurando ter a bola o máximo possível. Para isso, adianta sua marcação, e tenta roubar a bola o quanto antes. No 1o frame, os meias se adiantam para pressionar a saída de bola dos ingleses.O 2o frame flagra 6 Barcelonistas próximos à bola, na tentativa de abafar o contra ataque e recuperá-la rapidamente.


Defesa:




Sempre que possível a defesa sobe, em conjunto com o resto do time, para diminuir os espaços do adversário. Isso faz parte da marcação sob pressão, adiantar todo o time harmonicamente.


Recomposição:


Quando o time está sem a bola, os 3 meio campistas ficam em frente a defesa. Os 3 atacantes raramente voltam.



Fator Messi:

 Apesar de inicialmente ser escalado pela direita, Messi tem total liberdade para se movimentar, e inicia os contra ataques do Barça pelo meio. Frequentemente ele se encontra na faixa central do campo.


Resumo:
O Barcelona de Luis Enrique joga no 4-3-3 clássico, com 2 jogadores abertos (Messi e Neymar) e 1 centralizado (Suarez). A proposta do time é jogar o máximo do tempo no campo adversário, e para isso marca alto e com pressão, para recuperar a bola o quanto antes, e o mais próximo possível do gol adversário. O tiki taka já não é evidente como anos atrás, mas a posse de bola é muito bem trabalhada. As características do jogadores não condizem com o ápice do tiki taka, e jogam de forma mais direta ao gol, apostando mais em jogadas individuais. Se antes o meio de campo era o ponto forte do time, contando com Xavi e Iniesta em grande fase, agora o trio sulamericano é o trunfo do Azul Grená.

Pontos fortes e fracos:
Se Xavi comandava o refinado toque de bola da equipe da Catalunha, o mesmo não se pode dizer sobre seu substituto Rakitic. O croata não apresenta nem de perto a mesma técnica do espanhol. Nesse quesito, o time perdeu qualidade e criatividade.
A defesa apresente números bons na temporada, principalmente na Liga Espanhola. No entanto, contra adversários perigosos (como nos jogos contra o Real Madrid) o sistema defensivo se mostrou facilmente envolvido em muitos lances, e não criava maiores resistências contra jogadas rápidas do adversário.
Como ponte forte, é notável que o trio de ataque é muito acima da média, contando com os melhores jogadores do mundo na posição. Qualquer um dos 3 pode decidir a qualquer momento, algo que nenhuma equipe no mundo tem.

Análise extra campo:
O momento do Barça é bom tanto no Campeonato Espanhol como na Liga dos Campeões, se observarmos os resultados. Porém, a relação dos jogadores com o técnico não é das melhores. Se o trio ofensivo se mostra bem relacionado e entrosado em campo, o mesmo não acontece com a relação com Luis Enrique. Em vários momentos pudemos observar a insatisfação dos jogadores ao serem substituídos, chegando a reclamar publicamente. Isso pode ser prejudicial para o final da temporada.

sexta-feira, 27 de março de 2015

Funcionamento do 3-4-2-1 do Liverpool 2015

A diferença nos resultados do Liverpool em 2014 e 2015 é impressionante e a simultaneidade da virada do ano com a troca de esquema tático faz a atribuição dos louros das vitórias recair sobre a decisão de Brendan Rodgers (embora há quem conteste)

Responsável pelos resultados ou não, trata-se de um esquema interessante, que foge da moda do 4-2-3-1 (sem apelar para o 4-1-4-1, esquema que parece surgir como alternativa), dá segurança defensiva ao time e nos faz pensar sobre as alternativas que cada esquema traz.

Para essa análise foram usadas 4 partidas do Liverpool:
  • Liverpool 1 x 1 Chelsea - 20/01 - pela Copa da Liga
  • Liverpool 2 x 0 West Ham - 31/01
  • Everton 0 x 0 Liverpool - 07/02
  • Liverpool 2 x 1 Manchester City - 01/03
Os jogos foram escolhidos "aleatoriamente" (aqueles que eu consegui downloadar) e contam com um viés de ter 3 jogos em casa e apenas 1 fora, mas são contra rivais (exceção ao West Ham) e relativamente espaçados no tempo.

Formação Básica
O 3-4-2-1 do Liverpool poderia ser chamado de 3-4-3 ou até de 3-6-1 por aqueles que preferem simplificar as siglas linha de ônibus dos esquemas táticos. Ele é composto de:
  • 3 Zagueiros
  • 2 Volantes
  • 2 Alas
  • 2 Meia-atacantes
  • 1 Centroavante
Saída de Bola
Se a tendência no futebol atual parece ser a Saída de 3 (recuo de um volante - formando uma linha de 3 com os zagueiros - e avanço dos laterais), no Liverpool ela se dá de maneira ainda mais natural, pelo fato do time já contar com 3 zagueiros. Estes espalham-se de lateral a lateral e rodam a bola procurando os volantes. Os alas sobem e alinham-se aos meia-atacantes, mas quando o time é pressionado ou os volantes não conseguem se desmarcar alguém volta para dar opção.
 

Organização Ofensiva
Com a posse de bola os alas sobem e se alinham aos meia-atacantes, formando uma linha de 4 e obrigando a defesa adversária a se preocupar com toda a largura do campo. O centroavante se põe à frente e se movimenta bastante, já que não conta com um companheiro na região. A proposta do Liverpool é mais de velocidade do que de envolver o adversário, apostando em troca de posições, tabelas e ultrapassagens na região da intermediária ou em chutes de fora. Quando a defesa rival consegue se postar o time tem dificuldades em criar espaços, raramente se vê um meia-atacante infiltrando, puxando a marcação e abrindo espaço para que um volante suba e receba em condições de avançar ou enfiar uma bola, por exemplo.



Movimentações
O meia-atacante abre e cria espaço para o avanço do ala, que entra

Centroavante se movimenta e causa um erro defensivo no adversário
Participação (ou não) dos volantes na fase ofensiva:




Transição defensiva
Apesar de contar com 3 homens de frente, a retaguarda de 2 volantes e 3 zagueiros em último caso, o Liverpool pressiona pouco a saída de bola. Nos 4 jogos assistidos o time pressionou o adversário apenas em situações de necessidade ou propícias (um erro do adversário, por exemplo). Embora os jogadores próximos à bola tentem retomá-la ou atrapalhar a saída do jogador que a roubou, não se observa aquela urgência em não deixar o adversário jogar que se imaginaria num esquema com 3 atacantes (e que o Barcelona masterizou). Por outro lado, o time raramente sofre contra-ataques, seja pelo chão ou na bola longa, já que conta com 5 jogadores na retaguarda

Organização defensiva
A organização defensiva de um time sempre depende em parte de como o adversário ataca, mas de maneira geral, o Liverpool marca com 7 (zagueiros, volantes e alas) e pressiona com os 2 meia-atacantes - evitando que o adversário inverta a bola e explore o buraco deixado pela ausência de um 8o jogador na marcação (presente quando um time se posta em duas linhas de 4, por exemplo). Os alas tem um papel importante no esquema, alinhando-se aos volantes inicialmente (3-4) e recuando alternadamente quando o adversário avança (4-3). Esse movimento foi analisado minuciosamente por Eduardo Cecconi em seu Análises Táticas no Impedimento.org, mas infelizmente seus textos não estão mais online: quando o adversário ataca pelo flanco esquerdo da defesa o ala daquele lado dá combate, os 3 zagueiros basculam para a região e o ala do outro lado recua, fazendo o que o lateral direito faria num esquema com 4 atrás. Quando o ataque vem pela direita, o movimento é o contrário
4-3


7 marcando e os dois meia-atacantes prontos para pressionar uma bola atrasada

Marcação inicial: 4 no meio

Já postado com 4 atrás
Balanço dos alas



Contra-ataque
O contra-ataque acontece de maneira bastante natural e direta: como os meia-atacantes apenas cercam e marcam o recuo da bola durante a fase defensiva eles se tornam o alvo natural do jogador que rouba a bola, pois normalmente estão avançados e desmarcardos. Com a bola normalmente conduzem com velocidade em direção ao gol e têm como opção o outro meia-atacante, o centroavante e eventualmente um ala.

Variações
Nas 4 partidas analisadas o Liverpool se manteve bem fiel a sua proposta, mesmo quando perdia para o Chelsea em casa ou quando vencia o West Ham. A exceção foi o jogo com o Manchester City: preocupados com os ataques pelos flancos do time de Manchester, o Liverpool raramente se posicionou com 3 atrás, e depois de abrir 1x0 tentou com 9 jogadores em duas linhas: terminou deixando muito espaço entre elas e possibilitando a David Silva receber livre, bagunçar a defesa dos Reds e deixar Dzeko cara a cara com Mignolet pra empatar a partida.
4-5-1 com meia-atacantes marcando: duas linhas distantes deram muito espaço a David Silva

442 com um meia-atacante marcando e um ala virando lateral

532: preocupação com o jogo pelos flancos do City

541
Conclusões
O esquema montado por Brendan Rodgers deu muita consistência defensiva ao Liverpool: raramente se vê o time em desvantagem numérica - mesmo em situações de contra-ataque - e permite ao adversários poucas chances por jogo. Mesmo marcando com 7, a pressão dos dois meia-atacantes encaixota os meias adversários e faz com que a urgência de sair da situação desconfortável evite que a bola seja invertida para explorar o buraco decorrente da falta do 8o marcador. Assim, o Liverpool obriga o adversário a rifar a bola e, com uma cobertura eficaz dos 3 zagueiros, não deixa que o adversário tenha volume de jogo. O preço a ser pago é um ataque pouco envolvente, que aposta em jogadas rápidas no meio de campo ou em jogadas individuais - em especial os chutes de fora de Coutinho. Quando o adversário posta sua defesa, o Liverpool também termina tendo que forçar um passe na esperança que o talento individual de seus homens de frente supere a vantagem tática do adversário.
Há que se destacar a versatilidade do elenco do Liverpool: Cam joga de zagueiro ou volante, Gerrard de volante ou meia-atacante, Sterling de centroavante, meia-atacante ou ala, Lallana de meia-atacante ou ala, e assim em diante. Isso permite a Rodgers variar bastante o time durante a partida, colocando um centroavante no lugar de um ala, por exemplo. Tecnicamente os 3 zagueiros estão muito bem, Coutinho brilha como nunca e Markovic (ou seu substituto Ibe) sempre tem algo interessante para mostrar. Fica a vontade de ver o esquema com um elenco ainda mais qualificado, com um meia-atacante melhor do que Lallana, um ala esquerdo mais perigoso e um centroavante mais matador do que Sterling (Sturridge parece condenado a lesões). Taticamente, talvez valesse a pena liberar mais os volantes, mesmo que para isso se abra mão de parte da consistência defensiva.

Reflexão
A diferença tática fundamental entre Brasil e Inglaterra se deu na aplicação do 4-4-2 clássico: enquanto por aqui separamos o meio de campo entre volantes e meias - os primeiros não atacam e os outros não marcam - liberando os laterais para subirem e assim darem amplitude ao ataque, no lado de lá do Atlântico lateral é zagueiro e todos os jogadores do meio defendem e atacam (wingers e box-to-box). Ultimamente virou unanimidade que nosso modelo é atrasado e obsoleto e o 4-4-2 quadrado virou sinônimo de fracasso. Segundo esse raciocínio, dar moleza pros meias na fase defensiva nos fragiliza demais e ter volantes que só destróem é desperdício (curiosamente nunca fizemos o mesmo questionamento em relação a laterais que não sobem).
No entanto, é exatamente da terra da rainha que vem um esquema "moderno" que usa muitos princípios do modelo brasileiro de 4-4-2. Ao trocar um atacante por um zagueiro, o 3-4-2-1 do Liverpool tem jogadores pelos lados do campo que vem e vão em toda jogada, participando ativamente tanto da fase ofensiva quanto da defensiva (alas pra eles, laterais no nosso 4-4-2), volantes que pouco aparecem no ataque e meias que não marcam, apenas cercam e pressionam.
Sistemas táticos entram e saem de moda, importando mais como se aplica eles do que quais são seus números. Nunca podemos afirmar que sistema X é superior ou moderno e que Y é ultrapassado e não dá mais certo, sob pena de vermos Y dominando X num futuro próximo.