terça-feira, 11 de março de 2014

Bem vindo!

Existem infinitas maneiras de se analisar, explicar ou contar o que aconteceu em 90mins dentro de um campo de futebol. Algumas dessas maneiras são completamente opostas, normalmente uma diminuindo ou desmerecendo a outra, colocando-a em segundo plano e quase que falando "isso aí pode até existir, mas quem não é ingênuo sabe que o que conta mesmo é outra coisa".

Os mais objetivos analisam as estatísticas de cada jogador e dos times para detectar virtudes e defeitos, depois da partida apontam por onde se deu a vitória e, acreditem, os bons conseguem expressar a beleza do jogo através de números e gráficos (de calor, de passes conectados, etc). É objetivo, verificável, está ali.
Próximos a esses estão os que percebem os padrões de posicionamento e movimentação dos jogadores e assim desenham certa ordem no caos que toma lugar entre o apito inicial e o final, explicando o que aconteceu no jogo com a ajuda de campinhos e flagrantes táticos. Faz muito sentido, futebol é um esporte coletivo, é quase burrice discordar.

Há aqueles que analisam o desempenho técnico dos jogadores, e quem vai negar que, apesar de toda tática, se o atacante não tivesse acertado aquele chute sem ângulo - que terminou no ângulo - o resultado seria completamente diferente? De que adiantaria subir as linhas de marcação se o volante adversário tivesse acertado um passe e permitido que os meias e atacantes aproveitassem o espaço deixado? E se o zagueiro tivesse chegado meio segundo antes na bola, o gol de jogada trabalhada sairia?

Outros vão pela psicologia e parece indiscutível que cada time entra com determinado ânimo em campo, que termina sendo refletido em sua postura e invariavelmente no resultado, mesmo que de maneiras imprevistas à priori. O time que precisa da vitória pode superar todas suas desvantagens técnico e táticas e vencer o jogo, já o que entrou confiante pode sofrer um revés inesperado e não saber como agir, o time desesperado pode começar bem e deixar a vitória escapar de bobeira, e assim vai.

Quem vai no estádio advoga que o resultado está ligado (ou pelo menos pode ser contado pela ótica) à conexão entre time e torcida. Quem está lá sabe que isso é real e que influencia o resultado. Os mais românticos podem admirar a beleza e ritmo de um time que joga bem, esperando que isso garanta uma vitória.

Podemos adotar uma visão histórica e mostrar o estigma de cada clube, do confronto entre eles e o que aquelas camisas carregam ao entrarem em campo juntas. Um tabu, uma desavença no passado, uma freguesia, um jogador que trocou de lado, tudo isso parece criar uma lógica universal que rege a partida, apenas usando técnica, tática e psicologia como ferramentas para o desfecho inescapável.

Muitas vezes a explicação pode se dar fora do futebol. O documentário Two Escobars mostra como a magia, resultados e estilo de jogo que encataram o mundo da Colômbia de 1993-1994 acompanharam o momento da sociedade colombiana, bem como a derrocada na Copa e posterior assassinato de Andres Escobar.

E, finalmente, podemos lançar mão de explicações completamente metafísicas (o que seria do futebol sem a metafísica?*) que muitas vezes estão muito mais certas que todas as outras juntas. Quem acompanha sempre um time sabe que quando é pra acontecer, acontece.

Assim, todo dia é publicado muito conteúdo interessante em cada uma dessas linhas, ou combinando várias delas, sobre partidas específicas e sobre tudo o que envolve o futebol. Este conteúdo está disponível a qualquer um com acesso à internet e geralmente é grátis. Mas, mesmo assim, o "João Sorrisão", a festa dada pelo Neymar ou uma polêmica vazia inventada numa redação qualquer terminam dominando o noticiário esportivo. É para mostrar para as pessoas que esse conteúdo já existe e é acessível, ao mesmo tempo em que expomos nossa visão sobre o futebol, que criamos o Sem Firulas, na esperança de que a qualidade vença a chuleza.

* E da metafísica sem o futebol?

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